quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Registro 440: O que corre por aí.

*A Folha de S. Paulo lançou a coleção Grandes Pintores Brasileiros  uma iniciativa das mais elogiáveis, não fosse a falta de nome que gravitam ou gravitaram no eixo Rio-São Paulo. Não sabemos quais os critérios para a escolha dos que estão sendo publicados. É inegável o valor de todos eles, mas vale uma pergunta: por  que deixar fora uma artista da grandeza de Guignard, João Câmara, Siron Franco? Deixaram de fora o trabalho expressivo de Emanoel Araújo e também de Caribé, da mesma forma que ignoraram Renina Katz e Maria Bonomi. São tantos os que não foram contemplados... Fico intrigado e pergunto-me sempre sobre as escolhas. Por que não contemplar um grande artista de cada Estado. Esse poderia ser um critério. Questionável é certo, mas não seria tão tendencioso. De qualquer maneira, venho adquirindo os exemplares que estão em algumas bancas de jornais e revistas. Aqui na Bahia chegam sempre atrasados fazendo com que percamos tempo para ir comprá-los sem que encontremos o exemplar que sai aos domingos. Aí, temos que encomendar ao jornaleiro e esperar a segunda ou até mesmo o meio da semana.

*Sei que a minha opinião a respeito da polêmica desencadeada pelos artistas que desejam a proibição de biografia não autorizadas não será levada em conta, visto que não sou uma personalidade pública ou do show business. Mas sou defensor incondicional da liberdade de expressão. Os argumentos até então apresentados não me convenceram a mudar de opinião. O que salta de tudo isso é somente a força da grana. Todos sabem que a Constituição possibilita o exercício da livre expressão da mesma forma que fornece os mecanismos para que se proíba biografias mentirosas ou que degradem a figura do biografado. Mas uma coisa é patente, todos os reclamantes são pessoas que agem publicamente e as revistas estão cheias de reportagens e notas sobre as vidas de todos eles. Alguns gostam e precisam desta divulgação, pois é uma forma de mantê-los em evidência. Vivemos num país de pouca memória e se não podemos mais contar a vida de alguém o seu legado ficará na sombra. 

*Soube que o Balé Stagium foi pressionado a pagar direitos autorais para a herdeira de Tarsila do Amaral para poder usar um reprodução do famoso quadro O Abapuru eme seu espetáculo sobre a Semana de Arte Moderna. Num gesto grandioso, os dirigentes do Stagium Márika Gidali e Décio Otero pagaram o exigido pela "sensível e culta" herdeira e retiraram a reprodução do quadro que, se não me engano, nem pertence mais ao Brasil, pois vendido foi para um colecionador portenho.

Se a coisa anda assim, é bem capaz dos autores começarem a exigir pagamento para as citações em teses, dissertações e artigos. Poupe-me! êta país complicado. 

Eu, que vivi a minha adolescência e juventude debaixo da opressora e castradora Censura, fico estarrecido ao ver os meus ídolos, que não são mais os mesmos, defenderem tal bandeira.

*Outra coisa que me deixa de cabelo em pé, uma metáfora, pois não os tenho mais, é saber que a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aprovou uma resolução proibindo a entrada de gays, bichas mesmo, em templos. Que templos? Os católicos, os neopentecostais, os budistas, os espíritas, os terreiros. Outro absurdo!!! E ninguém faz nada? É preciso reagir a estes desmandos de quem se acha dono da verdade. A história está cheia de gente que se arvorou em paladino da verdade e desencadeou horrores. Mas a gente esquece...

Um fato me intriga, pois ainda não tenho dados suficientes para fazer uma avaliação ditada pela emoção. Por tal motivo, gostaria de saber qual a motivação dos rapazes e moças e rapazes mascarados depredando tudo o que encontram pela frente. O que querem? Qual a proposta para ocupar a destruição e o vazio que deixam ao longo das ruas? Lutar contra os sistema? Mas eles todos, ou quase todos, estão inseridos no sistema. Quantos não desfrutam dos benefícios produzidos pelo sistema? Não acho que vivemos em um país justo, mas não creio que o caminho seja a barbárie. Em junho, quando os protesto começaram, acreditei no poder construtivo das manifestações. Mas agora a minha perplexidade aumenta a cada dia. 

Sinto-me impotente, mas não alienado.

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