sexta-feira, 14 de maio de 2010

Registro 306: O que acontece por aí...

O 13 de maio passou, parece que em branca nuvens. Induziram-nos a ignorar a data tão significativa para a nossa história. Esqueceram a luta dos abolicionistas negros, mulatos e brancos. Passaram a borracha na assinatura da princesa. Querem reescrever a história. Balela!

Bento XVI, com essa história de culpabilizar a união afetiva entre pessoas do mesmo sexo e a luta contra a descriminilização do aborto como sendo as desgraças da família, está tentando desviar a atenção para os pecados da Igreja. Sem querer generalizar para não cair no mesmo discurso, os horrores gerados no interior da família passam por outras questões. Por que não enfrentá-las?

Caetano Veloso mostrou mais uma vez a sua capacidade de gerar polêmica e tem lá suas razões. Seu lúcido e belo texto (O Globo) não demoniza ninguém, mas coloca as coisas nos devidos lugares. O Secretário de Cutura da Bahia respondeu, mas sua resposta não chega aos pés do texto do compositor. Acho que está na hora de cada um se olhar no espelho. Quem na Bahia não mamou nas têtas dos governos carlistas? Os artistas, conservadores e progressistas, para não falar em direita e esquerda, hoje em dia conceitos tão esfiapados, mantiveram seus projetos com o dinheiro do Estado e não assumem tal fato. Se essa, cara pálida! Querer dá um de vestal? Me engana que eu gosto!

Os teatros de Salvador estão fechando (ACBEU, Jorge Amado, Xisto Bahia, Gregório de Mattos). Uma pena! Se já não tínhamos espaços suficientes para colocar em cena as produções locais e as que nos visitam, agora é que a coisa se complica. Tal situação serve como medidor do nosso interesse pela arte. E quando o quadro se torna avassalador, não adianta belas palavras. O que se quer são ações.

Fui ver o filme de Zé Umberto, O Anjo Negro (1972) na Sala Walter da Silveira, sessão de 16:30 do dia 14 de maio. Só havia um espectador, eu. É certo que tenho interesse no filme. Depois de 38 fui autoavaliar o meu trabalho como ator. O filme tem alguns poucos bons achados que se perdem na confusão do roteiro. Dirigido eu poderia te rendido mais. Não foi o caso. A exibição do longa-metragem é parte da comemoração do Centenário do Cinema Baiano. Uma bobagem essa comemoração proposta pela Diretoria de Audiovisual da Faundação Cultural.

O cineasta iraniano continua preso! Somente por discordar! Cannes reclama, o mundo reclama, mas o ditador se acha um deus em sua vã glória de mandar. Atrás dele vai Lula, O Cara, querendo aparecer...

Hoje, fiquei feliz com a notícia dada pela diarista que cuida da minha morada e de mim também. Ela vai comprar a casa própria. Desejei felicidade e estimulei a fazer um chá de casa nova.

Depois de dez dias hospitalizado por conta de uma dengue hemorrágica que botou por terra as minhas plaquetas, vivo apavorado com os mosquitos que andam voejando por Salvador. São muitos... Cadê o pessoal do fumacê? Se a Prefeitura e Governo do Estado não tomam as devidas providências, não custa a população tomar vergonha e cuidados. É tão simples, basta deixar de lado a preguiça, o descaso e a ignorância para combater a proliferação do mosquito. Agradeço aos que atenderam o meu pedido e foram doar sangue no Instituto de Hematologia da Bahia. Agradeço também os bons serviços do pessoal do Hospital Português e aos amigos que torceram pelo meu reestabelecimento.

Ainda convalescendo participei do lançamento de Os Mansos, texto dramático do russo-argentino Alejandro Tantanian. O livro faz parte de um projeto coordenado por  Luis Alberto Alonso, Héctor Briones e Cacilda Povoas. Pediram-me um fala sobre o projeto e sobre o belo texto, uma incursão do autor pelo universo de O Idiota de Fiódor Dostoievski.

O diretor Celso Nunes está em Salvador para fixar residência. Espero que ele faça espetáculos teatrais por aqui. Só temos a ganhar.

Por hoje é só...