quarta-feira, 4 de março de 2009

Registro 244: Depoimento III

O jornal O Estado de S. Paulo em seu Caderno 2 - Cultura - sempre aos domingos - apresenta um espaço denominado Antologia Pessoal, no qual profissionais das artes dão o seu depoimento sobre assuntos de sua área. As perguntas não variam, são sempre as mesmas. Ao apropriar-me da idéia, acrescentei uma pergunta e reformulei algumas; basicamente são as mesmas do jornal.Assim, convido artistas baianos ou residentes em Salvador para deixar o seu depoimento no blog Cenadiária. Cada participante indicará um artista para que se forme uma rede de registros e opiniões. Semanalmente, a Cenadiária vai trazer uma personalidade do teatro baiano para o deleito do leitor. Divirta-se.

DEBORAH MOREIRA
Atriz, mímica e dramaturga. Diplomada em Mímica Corporal Dramática pelos artistas mímicos George Mascarenhas e Nadja Turenko. Bacharel em Interpretação Teatral pela Universidade Federal da Bahia em 2000. Mestranda em Artes Cênicas (Programa de Pós Gradução da UFBA). Atriz em diversos espetáculos teatrais, destacando-se: A Casa de Eros e Ensina-me a Viver (direção de José Possi Neto), Os Dois Manecos e Acrobatas (direção Ewald Hackler), Clarices (direção de Nadja Turenko), O Bloco dos Infames (direção de Filinto Coelho),A Princesa e o Unicórnio (direção de George Mascarenhas). Textos encenados: Clarices (1998), Francisco (1999), Joana D’Arc Quando a cotovia voa – uma fábula libertária, (2001), A Princesa e o Unicórnio (2004), Na Fila (2005). Coordenadora do Grupo de Teatro da Cultura Inglesa (2005 a 2009). Professora de Mímica Corporal Dramática do projeto Retrate Interior desenvolvido pelo SATED – Ba (2008), co-realizadora do Projeto Mimus – Oficinas Gratuitas de Mímica e Teatro Físico (2009).

1 – Que atores ou atrizes cujo trabalho em teatro você acompanha?
Vi muitos trabalhos de Paulo Autran, Marco Nanini e na Bahia, Marcelo Praddo, Iami Rebouças, George Mascarenhas, etc.

2 – Que atores ou atrizes de cinema compõem a sua galeria de favoritos?
Grande Otelo, Marieta Severo, Chaplin, Meryl Streep, Kevin Spacey, Kate Winslet, Ewan Mcgregor e muitos outros.

3 – Qual diretor de teatro cujo trabalho faz você retornar ao teatro?
José Possi Neto.

4 – Dê exemplo de um criador teatral muito bom, mas injustiçado.
Lembro de alguns criadores teatrais muito bons, mas que se encontram em situações difíceis ou bem diferentes do esperavam ou desejam. Não acho, contudo, que isso se deva simplesmente ao fato de terem sido injustiçados mas sim a uma série de fatores, incluindo as escolhas e condutas de cada um como ser humano. Acredito que somos também responsáveis pelo desenvolvimento dos acontecimentos em nossas vidas.

5 – Cite uma criação teatral surpreendente e pela qual você não dava nada.
O Púcaro Búlgaro.

6 – A cena baiano-brasileira tem alguns momentos teatrais antológicos. Cite algumas que marcaram sua vida.
Os espetáculos A Casa de Eros, comemorativo dos 40 anos da Escola de Teatro da UFBA e Ensina-me a Viver, comemorativo dos 45 anos de teatro de Nilda Spencer. Destaco também a encenação de O Menor quer ser Tutor de Peter Handke, com direção de Edwald Hackler, O Casamento do Pequeno Burguês de Brecht, com direção de Luiz Marfuz.

7 – Que encenação lhe fez mal, de tão perturbadora?
Roberto Zucco (direção de Nehle Frank).

8 – Que espetáculo teatral mais o fez pensar?
Recentemente, o espetáculo Ensaio.Hamlet com direção de Henrique Dias.

9 – Comédia é um gênero de segunda?
Comédia é genial e extremamente necessária.

10 – Cite uma peça difícil, mas significativa.
Os Negros, de Jean Genet

11 – Cite uma encenação que imagina ter sido memorável e você não viu.
O Rei da Vela.

12 – Uma encenação difícil, mas inesquecível.
Orpheus Complex, de Steven Wasson com o Théâtre de L’Ange Fou.

13 – Que texto(s) escrito(s) nos últimos dez anos merecia um lugar na história do teatro brasileiro?
Apocalipse 1,11 de Fernando Bonassi

14 – Qual o texto dramático clássico brasileiro, de qualquer tempo, você recomendaria encenações constantes?
O Santo Inquérito, de Dias Gomes.

15 – Cite um(a) autor(a) sempre ausente dos cânones que merece seu aplauso?
Quero deixar meus aplausos sempre para Cleise Mendes, embora como membro da Academia Baiana de Letras ela esteja presente nos cânones.

18 – Que montagem (ou ator, autor, diretor, cenógrafo, figurinista, iluminador) festejado pela crítica você detestou?
O Avarento com direção de Felipe Hirsch.

19 – E que montagem (ou ator, diretor, autor) demolida por críticos você gostou?
Sinceramente, não me lembro de nenhum.

20 – Qual peça e personagem gostaria de fazer? Você pode escolher três.
Nina de A Gaivota, de Tchekov, Branca Dias do Santo Inquérito, de Dias Gomes, e Winnie de Dias Felizes, de Samuel Beckett.

21 – Que virtude você mais preza no teatro de qualidade?
A pesquisa.

22 – O que mais incomoda você no mau teatro?
A superficialidade
.