sábado, 12 de maio de 2012

Registro 395:Festejando 13 de maio, ainda que alguns não queiram



José do Patrocínio


Princesa Isabel

13 de Maio

Caetano Veloso

Dia 13 de maio em Santo Amaro
Na Praça do Mercado
Os pretos celebravam
(Talvez hoje inda o façam)
O fim da escravidão
Da escravidão
O fim da escravidão

Tanta pindoba!
Lembro o aluá
Lembro a Maniçoba
Foguetes no ar

Pra Saudar Isabel ô Isabel
Pra saudar Isabé

Dia 13 de maio comemora-se a abolição da escravatura. Mas há uma tendência, um pensamento em voga que tenta reescrever a história apagando o gesto da Princesa Isabel e com isso a luta dos abolicionistas, homens e mulheres que combateram para que se acabasse o trabalho escravo no Brasil. A letra cantada por Caetano Veloso, em seu disco Noite dos Norte, refere-se às comemorações pelo fim da escravidão. É a festa do Bembé. Como disse anteriormente, um ideário vem sendo propagado de maneira intensa, procura-se desfazer a importância do 13 de maio. Tal pensamento foi importado, via Universidade, dos Estados Unidos da América do Norte, por intelectuais brasileiros emprenhados por norte-americanos. É certo que vivemos em um país extremadamente preconceituoso, mas não apartado. Não praticamos nem defendemos a separação. Esta política racialista nos levará para um caminho nem sempre construtivo. A afirmação do brasileiro não passa por tal retórica, muito menos a afirmação dos negros e negras que povoam o país de Norte a Sul e marcam com sua cultura, seus trabalhos, suas religiões e sua arte a nossa história, ontem e hoje. Apagar o 13 de maio é ignorar a luta de muitos: negros, brancos, mulatos, intelectuais, artistas, estudantes e populares, cidadãos brasileiros que se empenharam para por um fim na ação desgraçada que nos manchou com a escravidão. 

Viva Castro Alves.

Mas como diz Joaquim Nabuco, "a escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil. Ela se espalhou por nossas vastas solidões uma grande suavidade; seu contato foi a primeira forma que recebeu a natureza virgem do país, e foi a que ele guardou; ele povoou-o como se fosse uma religião natural e viva, com os seus mitos, suas legendas, seus encantamentos; insuflou-lhe sua alma infantil, suas tristezas sem pesar, suas lágrimas sem amargor, seu silêncio sem concentração, suas alegrias sem causa, sua felicidade sem dia seguinte.... É ela o suspiro indefinível que exalam ao luar as nossas noites do norte.

Assim, lembro o dia 13 de maio. E comemoro o ato libertador que marca a nossa história. Sei que a população negra no Brasil sofre e se vê em condições desfavoráveis, mas não será a política racialista que nos salvará. Somos uma país mestiço, somos um país agregador. Acredito e luto por isso.