segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Registro 229: "A TROCA"

  1. Os críticos especializados em cinema se especializam tanto que viram uns chatos. Não conseguem relaxar e assisti a um filme que não seja "especializado" ou seja filme "cabeça". Falo isso por conta de A Troca, novo filme de Clint Eastwood. A maioria dos críticos especializados torceram o nariz e deram duas ou três estrelas. Eu dou quatro. Não se espante... Vou dar um desconto, visto que sou fã de melodramas e é isso que o filme do "detetive durão" é. E ele faz seu filme com sensibilidade e mexe com emoções e sensações na medida certa, carregando a mão somente na sequência do enforcamento. De resto, o filme é belíssimo, com interpretações boas, uma necessidade para que o melodrama nos arrebate. Angelina Jolie mostra sua capacidade de atriz muitas vezes diminuídas por personagens e ou filmes equivocados. Seus companheiros de elenco se encarregam de ampliar o leque de boas interpretações. O ator que faz o delegado é muito bom, assim como John Malkovih, sempre bem.
  2. O visual do filme, a cidade de Los Angeles no final da década de 20 e começo do anos 30, é preciso. E essa visualidade é sóbria. O diretor alterna o filme com cenas amenas e calmas com cenas tensas e nos empurra para dentro da sua história que não sabemos onde vai dar. Mas como todo bom melodrama, tudo acaba bem. Ou pelo menos nos alivia da tensão. No caso de A Troca, torcemos esperançosamente com a personagem da mãe. Porém, antes que isso aconteça, ficamos atentos e com os nervos à flor da pele à media em vemos o drama da heroína, a mãe que tem seu filho desaparecido e recebe outro no lugar dele. Baseado em fatos reais, o que torna o filme mais denso e conquista nossa simpatia desde o início, o filme A Troca coloca os bons e os maus em confronto, e no final vai ao encontro do humanismo, esse ideario tão ridicularizado, mas que reforça em nós a sua defesa. O melodrama é construído dessa forma - bons de um lado maus do outro - e o confronto dessas forças. Por isso os personagens parecem chapados, o que não são. Clint Eastwood arma o filme seguindo três unidades e através delas vemos os personagens delineando-se e no final, depois das perseguições sofridas, a mãe encontra a redenção. A justiça é feita. E há esperança no ar.
  3. Belo filme.
  • A Troca (Changeling, 2008, EUA) direção: Clint Eastwood; com: Angelina Jolie, Gattlin Griffith, John Malkovich, Colm Feore, Devon Conti, Jeffrey Donovan, Jason Butler Harner, Eddie Alderson; roteiro: J. Michael Straczynski; produção: Clint Eastwood, Brian Grazer, Ron Howard, Robert Lorenz; fotografia: Tom Stern; montagem: Joel Cox, Gary Roach; música: Clint Eastwood; estúdio: Imagine Entertainment, Malpaso Productions, Relativity Media; distribuição: Universal Pictures. 141 min