terça-feira, 1 de maio de 2007

Registro 59: O cenógrafo do moderno teatro brasileiro

Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. Direção de Ziembinski, Cenário de Santa Rosa

CONTRIBUIÇÃO DA CENOGRAFIA AO TEATRO MODERNO

Pouco podemos saber de decoração de teatro, se seguirmos a nossa tradição, porque em nossa história dramática, o seu lugar foi sempre muito exíguo. Seria admirável podermos encontrar dados do interesse maior de artistas brasileiros, até hoje, pela magia da decoração de teatro, porém, é de poucos anos que data a preocupação de criar a atmosfera cênica, é bastante recente o cuidado de dotar o espetáculo de um dos seus elementos essenciais.

Falo da sua importância, sem exagero, pois um cenógrafo falando de cenografia, parece sempre querer conduzi-la ao eixo da criação dramática.

Na medida em que uma fotografia pode significar o Ser o cenário retrata o Drama, e o ideal seria que depois das três pancadas de Molière, aberto o pano de boca penetrasse o espectador, de imediato, no sentido espiritual do texto dramático através da poderosa sugestão do clima cenográfico.

Isso é possível, será possível atingir, de tal modo o cenário está vinculado ao mais íntimo da concepção do dramaturgo. Ainda no limbo da criação, quando a ação dos personagens começa a esboçar-se e procura estender a trama de sua aventura, num espaço real ou arbitrário, toda a seqüência desses movimentos determinados pela ação contida nos diálogos, vai ao mesmo tempo criando as dimensões e a cor do cenário.

E ele é tão importante na sua ligação orgânica com o drama que mesmo em sua ausência material quando não está representado por pintura ou construção que o identifique, ele existe. É como o suporte da realização dramática. Uma parede lisa, uma cortina, a caixa vazia do teatro, podem tornar-se cenários expressivos.

ROSA, Santa. Teatro realidade mágica. Rio de Janeiro: Ministério da educação e Saúde, Serviço de Documentação, s.d.