
CONTRIBUIÇÃO DA CENOGRAFIA AO TEATRO MODERNO
Pouco podemos saber de decoração de teatro, se seguirmos a nossa tradição, porque em nossa história dramática, o seu lugar foi sempre muito exíguo. Seria admirável podermos encontrar dados do interesse maior de artistas brasileiros, até hoje, pela magia da decoração de teatro, porém, é de poucos anos que data a preocupação de criar a atmosfera cênica, é bastante recente o cuidado de dotar o espetáculo de um dos seus elementos essenciais.
Falo da sua importância, sem exagero, pois um cenógrafo falando de cenografia, parece sempre querer conduzi-la ao eixo da criação dramática.
Na medida em que uma fotografia pode significar o Ser o cenário retrata o Drama, e o ideal seria que depois das três pancadas de Molière, aberto o pano de boca penetrasse o espectador, de imediato, no sentido espiritual do texto dramático através da poderosa sugestão do clima cenográfico.
Isso é possível, será possível atingir, de tal modo o cenário está vinculado ao mais íntimo da concepção do dramaturgo. Ainda no limbo da criação, quando a ação dos personagens começa a esboçar-se e procura estender a trama de sua aventura, num espaço real ou arbitrário, toda a seqüência desses movimentos determinados pela ação contida nos diálogos, vai ao mesmo tempo criando as dimensões e a cor do cenário.
E ele é tão importante na sua ligação orgânica com o drama que mesmo em sua ausência material quando não está representado por pintura ou construção que o identifique, ele existe. É como o suporte da realização dramática. Uma parede lisa, uma cortina, a caixa vazia do teatro, podem tornar-se cenários expressivos.
ROSA, Santa. Teatro realidade mágica. Rio de Janeiro: Ministério da educação e Saúde, Serviço de Documentação, s.d.