quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Registro 325: "Brincadeiras " no Festival de Teatro da Amazônia



É sempre bom ver o nosso trabalho tomando outra forma. Falo da encenação de meu texto Brincadeiras (1977) que recebe mais uma leitura cênica, agora feita por Socorro Andrade para a Companhia Metamorfose de Manaus. O espetáculo foi apresentado no Festival de Teatro da Amazônia entre os dias 8 a 17 de outubro.

Conforme notícias recebidas, o Teatro Amazonas estava cheio na estreia de Brincadeiras e recebeu o Prêmio de Melhor Espetáculo e uma viagem para Recife. Além disso, a montagem  recebeu as seguintes indicações: Melhor Texto, Melhor Atriz (duas atrizes foram indicadas), Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Figurino e Melhor Cenário.
A diretora enviou-me fotos do espetáculo. É gratificante saber como o texto ganha no palco abordagens múltiplas, ainda que traga em sim um potencial para a cena. Desde sua estreia em São Paulo em 1978, sob a direção de Mário Mazetti, Brincadeiras vem recebendo diversas montagens, uma demonstração de que o texto não perdeu a sua força comunicativa, permitindo outros inventos sobre ele.
Ao ver as fotos da Cia. Metamorfose, percebo a criação de Socorro Andrade. Imagino que ela soube captar a essência do texto, não se prendendo a ele, mas jogando com a minha proposta. Bacana!!

Registro 324: Como Esquecer


O filme de Malu de Martino, Como Esquecer, em cartaz na Sala de Arte - Cinema da UFBA é uma grata surpresa. Não há ali esforço pretensioso de transformar a linguagem cinematográfica através de um exercício de pirotecnia. A diretora conta com um bom roteiro para contar um momento da vida da professora Júlia (Ana Paulo Arósio) na luta para reconstruir seu viver esfacelado, após uma intensa relação amorosa com Antônia. Filme intenso, construído com belas imagens Como Esquecer é tocante ao retratar essa descida ao fundo do poço e expor com muita verdade a personagem em sua ego-trip dolorosa. Acompanhada de perto por seu amigo (Murilo Rosa) que também sofre as dores da perda, seu namorado faleceu, e por uma amiga (Natália Lage) abandonada pelo namorado ao sabê-la grávida, Júlia recebe o apoio necessário para retornar à vida, já que se encontra deliberadamente fora dela. Não há grandes lances, tudo acontece de maneira verossímil, o que torna a dor da perda ainda maior. Os pequenos gestos dolorosos, alegres e afetivos vão se somando ao longo do filme. Belo filme.

Cabe ao elenco, muito bem escolhido e adequado aos personagens, levar em frente essa história. O trio central cumpre com talento exemplar as nuances dos seus personagens, sem estereotipia, sem exageros. Destaque para Ana Paula Arósio que se mostra densa ao expor as dores causadas pelo fim do amor difícil de esquecer.

Sobre a personagem, sua construção, na visão da diretora e dos roteiristas, reclamo um pouco, visto sua insistência em se negar para a vida, quando a vida apresenta possibilidades transformadoras. Mas isso não diminui as qualidades do filme. É somente um ponto de vista