quarta-feira, 25 de abril de 2007

Registro 53: Desenho de criança















Menina
Sônia Szmid, 5 anos
E.I.B. Scholem Aleichem
(SP)



















João Minhoca
Dora Zinger, 5 anos
E.I.B. Scholem Aleichem
(SP)








Jacaré
José Guilherne G. Guerra, 4 anos
Jardim de Infância do C. A. Paulistano (SP)




Os postais com desenhos de crianças são presentes que recebi de Fanny Abramovich e foram feitos pela Giroflé, uma editora voltada somente para literatura infantil em São Paulo nos idos de 1964 / 1965.

Os donos, conforme Fanny eram três portugueses incríveis: Fernando Santos Costa que mora em Portugal e é responsável pelo site Vidas Lusófonas, Fernando Lemos, artista plástico e gráfico e o falecido poeta Sidonio Muralha.

Fanny Abramovich foi assessora pedagógica da Giroflé, editora responsável pelo lançamento de apenas cinco títulos, entre eles Ou Isto ou Aquilo, de Cecília Meireles. Coube a Fernando Lemos inventar e organizar três séries de cartões com desenhos de crianças.

Não lembro mais como chegaram ou como pegamos, mas ajudei a selecionar centenas de milhares... Os envelopes, o projeto gráfico era todo dele [Fernando]... Quem envelopou, pasme, foi o Luís Carlos Lamego, que virou boy da Editora... (!!! as coisas que consigo...). Se mostrar pra ele, acho que vai orgasmar,

informa Fanny na mensagem que me enviou em 20 de abril de 2007. Generosamente, a presenteadora se manifesta da seguinte maneira: “Só tinha esta última coleção guardada, mas como você coleciona e eu não, te presenteio com prova do meu passado... viu o que é querer bem???”



Sei bem o que é ser querido! Ainda mais pela Fanny, admirável!

Os postais estão guardados carinhosamente. Da série que ganhei, reproduzo quatro imagens, embora esteja grafado no verso dos postais: "reprodução proibida". Penso que os ex-donos da Giroflé e os autores dos desenhos não vão questionar a lembrança-homenagem. Publicá-las na Cenadiária é divulgar um trabalho importante e reafirmar a necessidade do desenho no espaço educativo. As imagens foram produzidas por crianças de diversas escolas paulistanas na década de sessenta. Elas são iluminações de um tempo tão sombrio...

Para completar esse registro, transcrevo um trecho do livro O espaço do desenho: a educação do educador, de Ana Angélica Albano Moreira (2002, p. 15):

Toda criança desenha.

Tendo um instrumento que deixe uma marca: a varinha na areia, a pedra na terra, o caco de tijolo no cimento, o carvão nos muros e calçadas, o lápis, o pincel com tinta no papel, a criança brincando vai deixando sua marca, criando jogos, contando histórias.

Desenhando, cria em torno de si um espaço de jogo, silencioso e concentrado ou ruidoso seguido de comentários e canções, mas sempre um espaço de criação. Lúdico. A criança desenha para brincar.

Desenhar é bom para tirar as idéias da cabeça. Porque sempre que a gente tem uma idéia, a gente quer ter ela, brincar com ela, aí a gente desenha ela”. Observou Eduardo (8 anos).

O desenho como possibilidade de lançar-se para frente, projetar-se.



___________________________________________________________________
MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do educador. São Paulo: Loyola, 2002.