segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Registro 224: Apanhado no jornal e outras coisas...

  • Essa é de autoria de Daniel Pizza. Ele escreve no Estado de S.Paulo, no Estadão de domingo. Sinopse intitula-se a sua coluna. Vale a pena dar uma olhada de vez em quando. No domingo, 21.12.2008, ele escreveu sobre os melhores do ano e no final da sua coluna disse: "Por que em vez de terem prendido Caroline Piveta da Mota, que pichou a mureta da tal "Bienal do Vazio", a polícia não age contra os pivetes que assaltam os cidadãos à luz do dia? Ou melhor, se for para punir o ataque ao patrimônio público, por que não prendem a diretoria da Fundação Bienal, que cometeu atentado a um evento que sempre se gabou de ser o terceiro maior das artes plásticas contemporâneas.
  • Sobre o teatro ele escreve: "Como aos concertos, pude ir a poucas peças neste ano; ao contrário deles, dei azar com elas. Entre outras, fui ver três textos importantes por respeitadas equipes: A Moratória, de Jorge Andrade, pelo grupo Tapa; Senhora dos Afogados, direção de Antunes Filho; e Hamlet, com Wagner Moura. Desigualdade de interpretações e equívocos nos conceitos foram as marcas.
  • Fui ver Ilhas coreografia do espanhol Victor Navarro para o Balé do Teatro Castro Alves, datada de 1981, agora dançada pelos alunos da Escola de Dança da Fundação Cultral do Estado da Bahia. Em 1980 trabalhei em Geni (Marilena Ansaldi e José Possi Neto), cuja coreografia era de Navarro. O coreógrafo que esteve junto ao Balé Cidade de São Paulo além de criativo é uma pessoa adorável. Pena não ter tido a oportunidade de falar com ele depois do belíssimo Ilhas. É que no programa constava Engenho, fruto da parceria do BTCA Residência, com o ICBA/Goethe Institut e o coreógrafo alemão Félix Ruckert. Não aguentei vinte minutos, da chatíssima coreografia, cujo problema não está na execução, mas na concepção. Fui embora e não matei a saudade. Ilhas, a coreografia, é precisa, envolvente, muito bem concebida e bem dançada. Para mim que não vi sua estréia, considero-a como um trabalho de agora. Não há firula, nem estranhos conceitos para sustentar o que se viu no amplo palco do Teatro Castro Alves, aliás muito bem usado. Navarro explora o espaço, ilumina os corpos sem grandes efeitos, mas compõe uma luminosidade onírica para que os dançarinos (?), bailarinos (?) exponha a elaborada construção de movimentos num fluxo crescente que faz a platéia pulsar e no final aplaudir de pé. De curta duração, a coreografia deixa saudades, vontade de vê-la mais vezes. Ilhas não devia compor o programa com Engenho, cansativa repetição de movimentos e correrias sem nenhuma engenhosidade. Quando da chegada de Félix Ruckert houve certa expectativa com relação ao que ele faria com o BTCA, tal a crise provocada pela Secretaria de Cultura, que tentou resolver problemas do passado, criando outros, num ato persecutório aos bailarinos afastados por gestões anteriores. O coreógrafo alemão estava disposto a trabalhar com bailarinos "fora de forma", mas não foi feliz. O problema é que certa corrente da dança, a que se diz pós-moderna, presumo, tem se afastado da dança moderna, renegando-a. Tal afastamento nos condena a ver experimentos que de dança não são nada. Sobre o palco o que se vê é uma amontoado de idéias, e muitos conceitos. Isso cansa.
  • A noite de Natal está chegando. Paz na Terra aos homens e mulheres de boa vontade. Esperemos...