quinta-feira, 10 de maio de 2007

Registro 68: Crítica de arte


Pintores Holandeses no Brasil
Em 1679 Maurício de Nassau presenteou Luís XIV com quarenta pinturas de assuntos brasileiros, declarando na carta de oferecimento ter a seu serviço em Pernambuco seis artistas pintores. Segundo o sr. Joaquim de Souza Leão Filho (The Burlington Magazine for Connoisseur, n. de março de 1942), dois teriam sido certamente Albert Eckhout e Frans Post;há dúvidas quanto aos outros quatro, que talvez fossem Zacarias Wagner, Jorge Marcgraf, Piso e Abraão Willarts. Do primeiro destes quatro se conhece um álbum de aquarelas, de interesses sobretudo etnológico; os outros eram homens de ciência, que sabiam ilustrar com desenhos e aquarelas seus trabalhos, mas não poderiam ser chamados de pintores senão por um encarecimento de Nassau, que, como sugeriu o Sr. Ribeiro Couto (Prefácio do Catálogo da Exposição Frans Post promovida em julho de 1942 pelo serviço do patrimônio Histórico e Artístico), queria.

dar mais relevo às preocupações artísticas do seu governo no norte do Brasil.

Como quer que seja, o único paisagista e o mais notável desses pintores foi Frans Post, a quem devemos, os brasileiros, a s primeiras pinturas em que se fixaram os nossos aspectos naturais, obras tanto mais interessantes, quando nelas a paisagem se enriquece de cenas e tipos da vida brasileira, ali colocados pelo artista, seja para animar a natureza com a nota humana exótica, tão apreciada pelos seus compatriotas, seja para fixar na tela o que a saudade guardara no fundo das retinas. O fato é que, tendo estado no Brasil sete anos apensa, de 1637 a 1664, Frans Post, estabelecendo-se em Harlem, de regresso à Holanda, dedicou-se exclusivamente à composição de paisagens brasileira em mais de quarenta anos de atividade artística. Os poucos quadros que pintou diretamente da observação da natureza do Brasil apresentam um colorido mais fresco e realista. Depois, na Europa, adotará um verde sombrio, que a mistura de betume fez enegrecer bastante com o tempo. Guardam contudo uma poesia penetrante: aquelas paisagens – escapadas de vale enquadradas entre árvores, coqueiros quase sempre, com a luz caindo a méis distância – e as figuras que as animam – escravos, senhores de engenho, sinhás – e as construções – casas-grandes de engenho, senzalas, capelinhas – já estão cheias. Como anotou Ribeiro Couto, do mistério na nossa nacionalidade.

Quanto a Eckhout, conhcecem-se dele vinte e quatro quadros de assuntos brasileiros, legados por Nassau a Frederico III da Dinamarca. Estão no Museu daquele país e representam vários tipos de índios e mestiços do Brasil, os naturezas-mortas, ou ainda estudos de animais.

BANDEIRA, Manuel. Artes plásticas no Brasil. In: Poesia completa e prosa. Rio Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p.645-646