quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Registro 337: Joseph Beuys, uma exposição meia boca

O Museu de Arte Moderna, situado no belo conjunto arquitetônico Solar do Unhão, abriga a exposição Jospeh Beuys - A Revolução Somos Nós. Beuys é uma artista superlativo, ainda que muitos não gostem do que ele faz. Suas experimentações são provocativas. Para o artista, qualquer objeto é uma obra de arte, desde que ele assim o deseje. Essa compreensão faz de Beuys um elo conectado a Duchamp.

Mas não estou aqui para discorrer sobre a monumental e ao mesmo tempo minimalista obra do artista alemão. Tenho um amigo que diz ser ele um charlatão. Não concordo, mas respeito a opinião dele. O que me leva a escrever este registro é a exposição vendida pela diretoria do MAM como se fosse algo inusitado e de grande importância para a vida cultural da provinciana Salvador. Par mim, a exposição é decepcionante, visto que exibe uma quantidade enorme de cartazes sobre as exposições realizadas por Beuys durante sua vida, fotos, muitos vídeos e pouquíssimas obras. Além do reduzido número de trabalhos, o que se vê não representa minimamente o artista revolucionário que ele foi. Portanto a exposíção é uma amostragem pífia.

Qual o interesse em ver cartazes de exposições, ainda que eles sejam interessantes em suas propostas gráficas? Montar uma exposição sustentada em cima de cartazes e vídeos deve interessar a quem?

Numa cidade sem crítica e sem caderno cultural nos jornais, qualidade e quantidade passam batidas. Os jornais reproduzem o que as assessorias de imprensa escrevem nos releases. E tudo passa batido, sem que se faça uma exame mais acurado sobre os acontecimentos artístico-culturais Portanto não há crítica. Caso houvesse, o embuste seria comentado, esclarecendo-se o público sobre o que está sendo exposto. Não radicalizo, achando que estão empurrando gato por lebre, mas a exposição no MAM é menor para um artista enorme. Conforme registra os roteiros dos jornais, "o maior artista alemão do século XX". A mostra não reflete tal afirmativa.

Melhor ficar em casa lendo/apreciando Joseph Beuys, de Alain Borer, publicado pela Cosac Naify (São Paulo, 2001). O livro diz muito mais sobre Beuys. A exposição que fica em cartaz até 13 de fevereiro diz pouco

Por falar em exposição, o Museu de Arte da Bahia exibe Genaro de Carvalho, de Memória - Uma Retrospectiva. Não há nenhuma insinuação de minha parte em estabelecer comparação entre os artistas. São opostos e de outra natureza as suas opções artísticas. Mas na retrospectiva se vê a obra do baiano, as diversas fases, os momentos felizes e aqueles em que seu trabalho se dilui e perde força. Mas a exposição é bem montada e dá uma medida do artista que andava esquecido.

Um grito de liberdade para Jafar Panahi, cineasta iraniano, autor de O Globo Azul e O Círculo.  O cineasta foi condenado a seis anos de prisão e proibido de filmar, escrever roteiros, dar entrevistas a meios de comunicação sejam eles locais ou estrangeiros por 20 anos.
É a morte de um artista! E tudo porque discordou