sábado, 27 de outubro de 2012

Registro 410: Aplausos para Regina Dourado



Cena de Seu Quequé
Em primeiro plano Regina Dourado (Santinha) 
e Raimundo Matos (Quinquim)

Meu contato mais vivo com Regina Dourado se deu em São Paulo em 1982, quando gravamos o tele-romance Seu Quequé, sob a direção de Edson Braga, exibido pela TV Cultura de São Paulo. A memória dá conta deste encontro. O outro, em Salvador, na década de 70 é permeado de incertezas. Em Seu Quequé, contracenamos e nos divertimos, ela mais do que eu. Era a minha primeira experiência na teledramaturgia, fato que me deixava tenso a cada gravação.

Regina tirava de letra e esfuziante animava o estúdio. Quando as cenas eram externas, ela não reclamava do desconforto, estava sempre alegre e empenhada em fazer bem o seu personagem. Ainda recordo do seu riso sonoro, logo transformado numa gargalhada que  amenizava a canseira das gravações. Nossos personagens faziam parte de um núcleo importante da história. Ela era Dona Santinha, uma das três mulheres de Quequé, personagem de Osmar Prado. O meu, era Quinquim, um viúvo apaixonado por Santinha.  

Como disse, a memória não dá mais conta do primeiro encontro, mas trabalhei com Regina Dourado na TV Aratu, no início da década de setenta. Fazíamos um programa para criança comandado por um Palhaço e com ele um grupo de animais: o Macaco, a Onça e o Galo (símbolo da empresa). Havia também outro ator, Kerton Bezerra.  Cabia a Regina Dourado fazer a Onça, enquanto eu fazia o Galo. O programa era ao vivo e Regina, muito jovem. Éramos todos jovens; atores em início de carreira. Naquela época, eu era muito crítico e não conseguia brincar, ainda que mascarado. Às vezes, sentia-me ridículo debaixo da máscara de Galo que vestia. Não era o caso de Regina.

Regina se foi depois de uma bela carreira na televisão, cinema, teatro. Para ela, uma lágrima e muitos aplausos. 

Inesquecível!   

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Registro 409: Apoio a Hebe Alves


Faço parte do grupo de professores recém concursados. Portanto, considero-me novo na Escola de Teatro, embora velho, pois fui aluno do Curso de Formação do Ator. Em seguida, como estudante da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, cursei uma disciplina optativa e convidado por Possi Neto tornei-me seu assistente na inesquecível encenação de "A Casa de Bernarda Alba". Foi aí que eu me aproximei de Hebe Alves, aluna e uma das atrizes. Quando fiz "As Feras", último trabalho antes de seguir para São Paulo, Hebe estava no elenco. Ao retornar, depois de muitos anos, Hebe e Deolindo me convidaram para dirigir o XVI Curso Livre de Teatro, experiência que me fez reatar com o teatro. Em todos os momentos, a presença de Hebe foi sempre a do artista que se mostra apaixonado por sua arte e por ela se impõem no mundo. 

Como eu acredito que a Escola de Teatro necessita de alguém que tenha uma profunda ligação com as artes cênicas, é que eu apoio Hebe Alves para a direção. Não farei desta consulta um campo de batalha, mas não posso trair meus princípios. Tenho profundo carinho e respeito pela comunidade da Escola de Teatro, seus estudantes, seus técnicos, seus professores, mas o que eu quero, agora, é ver uma outra coisa. Sem nostalgia, devemos olhar o passado e retirar dele aquilo que ficou como potência, o irrealizado, as promessas. Quem esquece o passado não pode olhar para frente. Eu quero seguir em frente... A alternância de pessoas e ideias é salutar para qualquer instância de poder, já que a manutenção pode se tornar perigosa. Por tais motivos, a minha opção é pelo plano de trabalho apresentado por Hebe Alves.