Conferindo
no jornal A Tarde (27.09.2013) a programação do Festival Internacional de Artes
Cênicas – FIAC, deparo-me com alguns textos no roteiro que divulga os espetáculos
em cartaz em Salvador. Texto incompreensíveis para a maioria dos espectadores Dou-me
ao trabalho de transcrevê-los, tal qual estão no jornal, para que leitor possa
avaliar o quanto há de nonsense em
cada um deles. Vejamos:
Autopoiese
“Exposição
de fotografias e uma performance nas quais a composição das imagens e ações
relacionam a organicidade do corpo e a materialidade dos cabelos, realizando
uma metáfora à natureza circular da autoprodução como condição inerente do ser
vivo”.
Vamos
a outro
Big
Bang Boom
“
O espetáculo é uma topologia instável, constituída por uma sucessão de paisagens sobrepostas, portáteis
e descartáveis, que nos faz refletir sobre limites e enquadramentos de espaço e
tempo, do dentro e fora, do embaixo e acima, do vazio e cheio...”
Parecem-me
textos de uma tese hermética, que não esclarece nada sobre o que se vai ver em
cena. Não entro no mérito dos trabalhos, até porque não os vi. Mas colocando-me
no lugar de um espectador mediano, não conseguiria decidir-me sobre ver os
espetáculos. Os conteúdos dos textos, presumo, dirigem-se a um público
especializado, fervorosos diante de enigmas. Tirando um ou outro texto dos
anúncios escritos de maneira clara, situando o leitor para fazer a suas
escolhas, a maioria não diz absolutamente nada sobre o espetáculo. O leitor
precisa decifrar estranhos ao seu universo, pois tais códigos são mais afeitos
a certas dissertações e teses, que fazem desparecer o objeto, mergulhado-os
numa maré de conceitos. Tais recursos pirotécnicos tornam impenetráveis os
discursos e tudo fica distante da vida.
Não
defendo aqui a aniquilação de conceitos, longe de mim tal postura. Mas diante
dos anúncios dos espetáculos, fico sem saber o qual a pretensão dos artistas.
Um comentário:
Professor, eu desisti de assistir "Big Bang Boom" justamente por causa da "descrição" que havia no programa do festival.
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