sábado, 19 de julho de 2014

Registro 458: Legado de João Ubaldo



Não escreverei sobre João Ubaldo. Seus amigos disseram tudo o que tinham para dizer sobre este escritor que nos deu "Viva o povo brasileiro". Eu quero agradecer ao João. É assim que vou tratá-lo de agora em diante. Valho-me da condição de baiano para tomar tais intimidades com alguém do porte dele. Mas João não era homem de pabulagens (para quem não conhece o vocábulo, segue o que diz o Houaiss: confiança excessiva em si mesmo; fatuidade, presunção,atitude de quem conta bravatas; fanfarrice). Por este motivo tomo confiança.


Mas eu disse inicialmente que não escreveria sobre este autor que vindo de Itaparica, o amor que fica, nos deixou um texto profundamente coerente e crítico sobre as maluquices que rondam a nossa vida aqui na pátria amada, idolatrada, salve, salve.


Em "O correto uso do papel higiênico" (A Tarde, 19.07.2014), ele coloca o dedo na pretensão que setores da sociedade civil, mancomunados com o poder federal em suas diversas instâncias, insistem e, às vezes conseguem, em normatizar a vida com sua leis. E o escritor enumera as que estão em vigor, como a tal leia da palmada, a proibição de venda de doces e outras guloseimas ajuntadas com brindes, entre outras.

Se assim continuarmos, diz o João Ubaldo: "Não parece estar longe o dia em que a maioria das piadas será clandestina e quem contar piadas vai virar um espécie de conspirador, reunido com amigos pelos cantos e suspeitando de estranhos."

E ele segue de maneira humorada apontando os possíveis hábitos, comportamentos e etc. que podem ser regulamentados por lei. Por fim, João conclui:

"Por enquanto, não baixaram normas para os relacionamentos sexuais, mas é prudente verificar se o que vocês andam aprontando está correto e não resultará na cassação de seus direitos de cama, precatem-se".

Nada mais sábio nos deixa o João, amigo de Glauber e de Luiz Carlos Maciel quando este vivia na pensão de Dona Lúcia.

Eu estou com João e também com Jô Soares quando diz:

"Politicamente correto é a coisa mais careta, mais reacionária que tem."

Coitado do povo brasileiro! Também, sem educação, cai em cima dele a coerção. Haja lei!

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