sábado, 8 de março de 2014

453: Sobre o carnaval em SalvaDOR

Comentar o carnaval em Salvador é chover no molhado. Há os que gostam incondicionalmente e não estão nem aí para os desmandos das empresas que visam somente o lucro, cometendo abusos como impedir foliões de beberem a marca da sua cerveja preferida. E tudo isso com o aval do poder público avalizador dos desmandos.

Em nome da rentabilidade da festa, passam por cima de tudo e tudo permanece como "dantes no castelo de Abrantes". A cidade foi alaranjada sobre pressão, uma versão do capitalismo mais selvagem. E a pérola da "sabedoria" ficou por conta do cantor do Pisirico, ao dizer que sua música era uma resposta ao capitalismo. É capaz de virar tese de sociologia. Só rindo! Ah, os antropólogos do lugar também podem orientar teses sobre músicas e comportamentos carnavalescos.

Ninguém precisa ser um estrategista para ver que o circuito Barra-Ondina já não suporta a avalanche de camarotes, postos policiais, banheiros, barracas e outras parafernálias de prejudicam os moradores da região, a maioria ilhada durante mais de uma semana. Famílias, algumas com seus idosos e enfermos, muitas sem condições de sair da cidade são obrigadas a aguentar o mau cheiro, os decibéis dos trios, que de trios-elétricos não nem mais nada. 

As música que fazem sucesso são de uma baixaria atroz. Letras preconceituosas, rebaixam a mulher à condição de objeto. O pior é que muitas não conseguem perceber o teor machista e violento das letras. Não tenho nada contra a festa da carne, carnaval é isso mesmo. Mas ultrapassamos o limite da civilidade. Tudo é de uma grossura extremada. Somente um cérebro de ostra, desejoso do sucesso a qualquer preço faz uma coisa chamada Lepo lepo.

Alguns textos foram escritos sobre a festa. O do jornalista Chico Castro Jr. é muito bom, publicado na edição de 02 de março.. Cito o último parágrafo:

"Mas como um exemplo, deixo uma reflexãozinha rápida e certeira sobre Raiz de Todo Bem, hit de Saulo Fernandes. nada contra o rapaz. Até aprecio sua vibração caymminiana-hipster-telúrica. Mas é que é estranho tanta gente bem informada deslumbrada com a música, como se fosse um prodígio de criatividade. Gente, olha só: em coisa de um minuto, o rapaz consegue rimar "África-iô-iô" (hein?) com "Salvador" e "meu amor". "Fé" com "candomblé". E "Nordeste" com "caba da peste". Precisa mesmo dizer mais?"

E o que dizer da canção  "essa mulher quer montar em cima do meu cavalinho, mas quem dá palmadinha sou eu"? 

Hoje,  8 de maio, o jornal A Tarde publicou três textos sobre o carnaval. Luiz Mott. Walter Queiroz Jr. e Dimitri Ganzelevitch escrevem sobre o carnaval. São visões diferenciadas, cabendo ao leitor apreciá-las criticamente.

O circuito do Campo Grande até a Praça Castro Alves vai sendo morto a cada ano. O circuito já não dá tanta grana.

Chega! Em junho tem mais carnaval. Mas junho não se faz os festejos joaninos? Tolice. Todas as medidas são tomadas nos gabinetes e implantadas de maneira autoritária, não importa o partido no poder. 

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