segunda-feira, 2 de março de 2009

Registro 243: Livros e crianças

Nasce uma Criança Leitora

Toda vez que nasce uma criança na maternidade de Sinhá Castelo, localizada na cidade de Caxias, no Maranhão, a mamãe recebe um livro de literatura infantil, doado à criança. O ato simbólico do projeto Nasce uma Criança Leitora, que integra o Programa Nacional do Livro e Leitura (PNLL), busca conscientizar os pais da importância do livro para a formação cultural de seus filhos, bem como da leitura no desenvolvimento dos jovens. Assim, ao mesmo tempo em que facilita o acesso às obras literárias, conscientiza a população carente, além de também oferecer oficinas de narração e leitura de histórias para as mães.O projeto é desenvolvido pelo Comitê do Programa Nacional de Incentivo a Leitura (Proler), por meio do departamento de Letras da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com a colaboração de professores e alunos, coordenados pela professora Joseane Maia Santos Silva.De acordo com a professora, foram entregues 602 livros, de abril de 2008 até agora. "Estamos em plena campanha para darmos continuidade ao projeto, por isso será ótima a divulgação", diz Joseane.
Recebi essa auspiciosa notícia por e-mail. Quem me enviou foi a querida amiga Fanny Abramovich. Tanto ela quanto eu vibramos com essa ação sensível, civilizadora, bacana mesmo. Alguns poderão argumentar que antes de livros deve se dar alimentação, remédio e bom atendimento para as parturientes e seus rebentos. A defesa é inquestionável. Mas não passa pela minha tola consciência que essas ações não estejam sendo priorizadas na maternidade de Sinhá Castelo. É um direito das mães e de seus filhos e um dever do poder público. Se o Estado não faz, estamos perdidos. É isso mesmo, estamos perdidos.
Não acredito naquela posição que defende farinha primeiro e só depois de conseguir o pão pra todos é que devemos pleitear outros direitos, outros quereres. O direito de sonhar, de imaginar. Tal pensamento, sabemos onde nos levou. Por esse motivo é que vejo nos ideais da contracultura um posicionamento verdadeiramente saudável, pra frente mesmo.
Livros nas mãos de recém-nascidos maranhenses podem aumentar o índice de Desenvolvimento - IDH, que é muito baixo no Maranhão. Assim espero. Que esses bebês bebam das letras desde cedo e que elas iluminem seus caminhos.
A notícia remete a uma imagem de João Cabral de Melo Neto em Morte e Vida Severina: cobrindo-se de assim de letras / um dia vai ser doutor. O poeta referia-se ao jornal que era oferecido ao menino que acabara de nascer, o filho de Seu José, mestre carpina. Então, que as crianças de todo esse imenso território, pátria amada Brasil, possam receber livros como as crianças de Caxias, localidade do Maranhão, terra natal dos Azevedos, Artur e Aloísio, de Ferreira Gullar e João do Vale e de Catulo da Paixão Cearense, que apesar do nome é maranhense.

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