quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Registro 220: O Diário de Judith Malina

  • Em meio à pesquisa para elaboração da tese Transas na Cena em Transe: teatro e contracultura na Bahia (PPGAC - UFBA, 2007), deparei-me com a publicação, pelo Jornal da Bahia (1971), do diário escrito por Judith Malina quando presa no DOPS, Belo Horizonte, no período em que o Living Theatre veio ao Brasil a convite de Zé Celso e Renato Borghi. Originalmente, o texto foi publicado pelo jornal Diário de Minas.
  • O longo diário foi reproduzindo em seis números do Jornal da Bahia e estão arquivados na Biblioteca Central numa situação deplorável, visto que tem sido manuseado de qualquer jeito. Além disso, não recebem a atenção dos responsáveis pela guarda de tais documentos, embora os funcionário tentem manter o acervo. Mas o que falta na verdade é o investimento do poder público com vistas a preservá-lo. Papel velho não dá voto nem status. Parece interessar somente a essa gente obsessiva, os pesquisadores.
  • Por conta das condições dos jornais e temendo a perda do material, xerocopiei página por página e em seguida digitei o texto de Malina na forma como o encontrei. Isso acarretou lacunas, mas preservo o documento que me custou horas de trabalho. Sou péssimo digitador. Ah, eu devia ter feito um curso de datilografia, não é prof. George Mascarenhas?!
  • Através do Guia da Folha (31.10.2008) soube da publicação do Diário de Judith Malina pela Secretaria de Cultura de Minas Gerais - Arquivo Público Mineiro. Corri atrás da edição. Agora, conto com a totalidade do texto e espero usá-lo. Afora o Diário, documento inestimável para que se possa entender a passagem do Living por Ouro Preto, lugar onde residiu o grupo depois da impossibilidade de trabalhar com o Grupo Oficina, toma-se conhecimento de mais um dado da repressão efetivada pelos orgãos de segurança sob a égide do governo Médici. No período, a perseguição, a tortura e morte atingiu os militantes de esquerda, os dissidentes e as hostes contraculturais, todos empenhados em questionar e protestar, a seu modo, contra a supressão da liberdade e o regime ditatorial.
  • A bela edição mostra o empenho da comissão editorial e da Secretaria de Cultura em reunir o material, agregando outras informações sobre o Living Theatre. Fartamente ilustrado, impresso em papel Couchê, o livro oferta-se ao leitor como um objeto muito bem concebido graficamente. Consta de seu sumário, o Diário, os artigos Coisas que ficaram muito tempo por dizer, de Heloísa Staling, A reinvenção do teatro, de Adyr Assumpção, Sobre o Living no Brasil de Ilion Troya e uma cronologia das produções do Living Theatre do mesmo autor.
  • Recomendo o livro, uma pena que o mesmo não é comercializado, o que priva o acesso a ele.

3 comentários:

Unknown disse...

MUITO BOM!
eu "CRUZEI" com o casal no morro dos Ingleses, êles e a Vivien Mmberti...
Cid

Anônimo disse...

Olá sou leitor de seu blog, embora nunca tenha deixado algum comentário. Meu nome é Rodrigo, moro em BH e tive contato com a história de Judith Malina e o Living Theatre através de uma oficina de cinema, de realização em curta documental ministrada durante a mostra de cinema de Ouro Preto deste ano. Realizamos um documentário sobre a passagem do grupo pela cidade. O diário foi publicado logo depois desta oficina, que trouxe grande repercussão (matéria de capa do caderno de cultura do jornal Estado de Minas, etc). Venho através deste comentário dizer que outro documentário foi realizado pelo Luiz Carlos Lacerda aproveitando inclusive a passagem da Judith pelo RJ para receber a Ordem do Mérito Cultural. O nome da obra audiovisual é: "Diário de Aquário" e conta com importantes depoimentos de pessoas que de uma forma ou de outra se relacionaram com ela. O diário é maravilhoso, todo ilustrado e pode ser encontrado em algumas bibliotecas públicas para consulta. Um grande abraço e parabéns pelo blog, continuarei acompanhando. Grande abraço!

meu email para quem quiser se corresponder sobre o tema!
drigomf@yahoo.com.br

Raimundo Matos de Leão disse...

Rodrigo, grato pela visita e mais ainda pelas informações. Espero ver os documentários. Fico feliz por saber que o passado não se perde; ele nos inquieta. Recebi o Diário de Judith Malina e estou relendo-o, agora muito bem editado. Acompanhei pela imprensa vinda de Malina ao Brasil para receber a Ordem do Mérito. Bacana a iniciativa de Sérgio Maberti, um artista que esteve próximo de Julian Beck e Judith Malina. A passagem do Living pelo Brasil precisa ser avaliada tomando-se a distância necessária para saber o que o grupo deixou por aqui.
Espero suas visitas e comentários. Ando meio lento e não tenho atualizado o Cenadiária, mas sempre há de pintar alguma coisa estimulando a escrita. Sucesso nas suas realizações. Grande abraço.