quarta-feira, 4 de abril de 2007

Registro 31: Na matinê do Cine Teatro Cliper

Teorema
Filme da redenção

O Sol por Testemunha
Filme perturbador

Rocco e Seus Irmãos
Tragédia grega moderna


Um Bonde Chamado Desejo
Filme tenso em sua carnalidade



O Segredo de Brokbeack Mountain
Filme tristíssimo


Em meados dos anos 50, meu pai construiu o Cine Teatro Cliper em Ipirá- Bahia. Meus olhos de menino acompanharam cada etapa desse projeto. Eu passei a ser o filho do dono do cinema, mas isso não representava muito. O que eu gostava mesmo era de mergulhar no escurinho da sala com seus cheiros característicos. Gostava de ver o baleiroTiago, arrumar o cesto com as balas, drops, chicletes, confeitos, caramelos e bombons, ajudado por minha mãe. Gostava de receber de Pedro, o projecionista, os fotogramas que sobravam. Durante o dia, quando Margarida fazia a limpeza, era uma prazer subir ao palco com sua ribalta de luzes coloridas que se acendiam anunciando o início da sessão, quando a cortina de tecido transparente abria-se para revelar imagens, imagens, imagens. Torcia para meu pai abrir as latas com filmes e ver as fotografias dos próximos cartazes. As latas em caixas de couro eram entregues em minha casa. O cheiro de acetato penetrava no meu nariz e eu, viciado, perdia-me nos enredos aventurosos, dramáticos, cômicos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Na minha aldeia,criança,após o seriado filmes marcantes: "La Strada"," Noites de Cabíria", chanchadas e tantos mais! Tb. gostava de ir à sala de projeção me encantar com a luz azulada do carvão do projetor, atazanar a vida de Seu Júlio "passador de filme" perguntando como daquela máquina saia mágica,implorar pedaços de fitas que colava uns aos outros e fazia meu cineminha particular,obra prima do absurdo. Pois é, tivemos nosso "Cinema Paradiso"... "Brokeback Mountain": navalha cega ou lasca de vidro rasgando as artérias.

Raimundo Matos de Leão disse...

Que boas as lembranças compartilhadas.
Quando criança, meu pais não me deixaram ver "Cabíria", alegando ser um filme imoral. Coitada de Cabíria, imoral!
Aos dezoito anos vi o filme naquelas sessões que Walter da Silveira organizava no antigo Cine Guarani. Vê como estou...Cine Guarani já é antigo!
Anos mais tarde, ao ver "Cinema Paradiso", quase não saio do cinema...A emoção era tanta que tonteava.