quinta-feira, 26 de maio de 2011

Registro 355: Contra a intervenção da bancada religiosa

A notícia abaixo, em azul, foi publicada em a Folha de S. Paulo, edição de hoje. Ao mesmo tempo, leio que a Presidente Dilma Rousseff fez concessões à bancada religiosa no Congresso, barrando material a ser distribuido pelo Ministério da Educação esclarecendo aos estudantes do ensino médio sobre questões relaciondas à homofobia. Não conhceço o material, portanto me abstenho a defendê-lo ou acusá-lo. Mas não posso deixar de me preocupar com o avanço cada vez mais incontrolável dos deputados e senadores ligados às igrejas que se estabeleceram no Brasil. Hoje querem a mão, amanhã o braço e daí?! Como é que fica a situação de quem não professa nenhum dos credos? Como fica a situação dos que creem, mas não concordam com tais medidas impostas de cima para baixo?

Vivemos em um Estado laico e não podemos seguir os ditames de um grupo ou de grupos religiosos. Primeiro, porque membros de todas as igrejas, dirigentes e fiéis não estão acima do bem e do mal. Pelo contrário, agem como todos aqueles que não seguem qualquer dos credos vigentes, visto que são humanos e imperfeitos. Os fatos estão aí para provar.

Qual o direito que estes grupos tem de se arvorar detentores de códigos reguladores para uma população multireligiosa que conta com ateus e agnósticos e que não desejam ser enquadrada a partir de um universo passível de ser questionado?


Prezo muito o sagrado, mas não posso concordar com tais medidas e intervenções. Sabemos que em muitos templos, os dirigentes fomentam a violência, estimulando a agressão aos que não comugam com suas "verdades". É preciso que se pense numa formar de diminuir tais interferências em nome de uma moral nem sempre seguida. Basta de tanta hipocrisia.

As igrejas, valores e o pertencimento a elas são do âmbito da família e estritamente pessoal, agora querer regular a vida de todos impondo regras é uma questão perigosa.

A notícia sobre a morte do professor no Afeganistão deve servir como ponto de reflexão

Atiradores do Taleban mataram o diretor de uma escola feminina perto de Cabul, a capital afegã, porque ele ignorou ameaças para que parasse de lecionar para meninas. A informação é de funcionários do governo. Kham Mohammad, diretor da escola Porak para meninas, na província de Logar, a cerca de uma hora de carro da capital afegã, Cabul, foi morto a tiros perto de sua casa anteontem.

Ele havia recebido diversas ameaças de morte da parte do Taleban, que o avisou de que não deveria lecionar para meninas.

Este é o mais recente ataque da linha dura islâmica que se opõe à educação das mulheres -proibida pelo Taleban quando o movimento governou o Afeganistão, entre 1996 e 2001- por, supostamente, violar os preceitos islâmicos.

As mulheres reconquistaram alguns direitos depois que o Taleban foi derrubado por forças afegãs com apoio dos EUA, em 2001, entre os quais o de estudar e o de votar. Mas ataques esporádicos contra alunas, professores e edifícios de escolas onde elas estudam continuam acontecendo.

O governo afegão prometeu garantir avanços, promessa que parece difícil agora que os líderes afegãos estão iniciando um processo de reconciliação que inclui negociações com o Taleban. As agências de assistência ao desenvolvimento temem que os governos ocidentais estejam dedicando atenção excessiva à transferência de responsabilidades de segurança para unidades afegãs sem que tenham cimentado os avanços conquistados pelas mulheres, tais como o direito à educação.

Meninas voltaram a estudar nos últimos anos, especialmente em Cabul, mas é difícil exercer e proteger esses direitos nas regiões mais remotas do Afeganistão.