Aos 75 anos falece em São Paulo
o dramaturgo e encenador Fauzi Arap
o dramaturgo e encenador Fauzi Arap
Os deuses do teatro estão indóceis, levando os nossos grandes artistas. Mas os que têm memória guardarão para sempre seus trabalhos na cena. É o que acontecerá com Fauzi Arap.
Fauzi Arap fará muita falta, não somente como ator que foi, mas como encenador e autor, funções que exercia com grandeza estética e humana. Tive o prazer e a felicidade de conviver com Fauzi Arap e com seu companheiro de vários trabalhos, Flávio Império. Que bela dupla. Vão se encontrar no infinito para fazer teatro.
O dramaturgo nos deixa um legado. Suas peças são profundamente humanas. "Pano de Boca" é a dramatização de uma crise do teatro, crise dos que fizeram teatro entre os anos 60 e 70. Um belo texto sobre o teatro e sua gente.
Seu livro "Mare Nostrum" é de profunda sinceridade e sabedoria.
Arap viveu longe dos holofotes e os que viram o ator em cena confirmam: ele era de uma intensidade monstruosa. Sensível, este homem formado pela Escola Politécnica enveredou pelo teatro e aí encontrou seu destino.
Os que tiveram a felicidade de ver o show "Rosa dos Ventos", o deslumbrante momento da cantora Maria Bethânia sentiram a potência estética do encenador que nos deixa. Estou profundamente triste. Fauzi Arap guiou muitos atores pelos caminhos da vida no teatro e fez deles artistas iluminados em cena, a exemplo da atriz Célia Helena em "Pano de Boca".
Meu aplauso e uma lágrima para meu querido Fauzi Arap.