quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Registro 406: Para educadores



Tomei a liberdade de copiar da Folha de S. Paulo e colar neste blog, o texto logo após a esta resumida introdução. Tamanha é lucidez na análise da proposta que ronda o ensino médio no Brasil, com a adoção de um sistema que privilegia o ensino em áreas que se agregam e ministradas à cargo de uma professor generalista, Sei bem o que é uma professor generalista. Na área da Arte, que é a minha, a batalha para romper com a excrecência do professor generalista foi muito dura, pois temos a certeza de que um professor não conseguirá ministrar conteúdos de Teatro, Música, Dança e Artes Visuais com a competência necessária e fazer com que os estudantes mergulhem no universo das linguagens da Arte de maneira adequado e vertical como deve ser este encontro. Ainda não conseguimos fazer com que as escolas públicas e privadas em sua totalidade compreendam a necessidade de um professor para cada linguagem da Arte. Há exceções, mas via de regra, os profissionais são levados a assumir a tarefa de ministrar aulas de Arte tendo apenas a formação numa das linguagens, o que descaracteriza uma proposta educativa séria. Agora, diante dos baixos índices educacionais, os burocratas da educação inventam uma moda que em vez de avançar retroage a um modelo  vigente no tempo da ditadura civil-militar. Mas deixemos que o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. exponha seu pensamento. Comungo com suas ideias e espero que mentes lúcidas consigam agir de maneira a barrar tal estupidez.

Reforma estapafúrdia

PAULO GHIRALDELLI JR

Querem professores de ensino médio generalistas como os do ensino básico. O aluno esperará a faculdade para ter professores especialistas. Será tarde demais.

A ideia que o Ministério da Educação (MEC) tem para melhorar a educação brasileira é a extinção do "professor de colégio". Nunca pensei que se chegaria nisso. É fantástico: não havendo mais a figura do professor, tudo se resolve.

A reforma que o MEC propõe para o ensino médio se resume nisto: ficam extintas as disciplinas tradicionais -português, história, física, filosofia etc. Seus conteúdos devem ser diluídos em "áreas", criadas sem respaldo epistemológico, mas apenas como reflexo do mal arrumado Enem.

A proposta foi tema de dois textos nesta seção no último sábado. Com ela, o MEC atual repete o erro da ditadura militar. Pela Lei de Diretrizes e Bases de 1971, foi feito algo parecido, tendo sido necessário voltar atrás sete anos depois, quando foi constatado o fracasso da reforma.

Como não nasci ontem, posso dizer quais as principais consequências da reforma atual proposta.

1) A primeira é gravíssima: desaparecendo a disciplina, desaparece a figura do professor da escola média, ou seja, o tradicional professor de colégio, uma vez que é pelo domínio de um conteúdo específico que ele se caracteriza.

O professor do ensino médio será um generalista igual ao professor do ensino das primeiras séries do ensino fundamental. Ele poderá ser despejados dentro das tais áreas e, conforme o jogo de forças interno a elas, descartado. Professor sem disciplina no âmbito do colégio não é professor.

2) Não havendo mais a profissão de, por exemplo, professor de física, de filosofia ou de história, para que serviriam os cursos de licenciatura na universidade brasileira? Para nada. Isso vai causar desprestígio ainda maior da carreira do magistério e o fechamento das licenciaturas na universidade.

3) Não existindo mais disciplinas na escola média, queiram ou não, haverá um vácuo de três anos na vida do jovem.

As áreas não funcionarão de imediato (se é que algo assim possa funcionar um dia!), como sempre ocorre nesses casos de mudanças esdrúxulas. Haverá, então, o caos na escola: não se saberá que tipo de professor deverá ficar com os alunos e, ao fim e ao cabo, teremos rapidamente na universidade duas ou mais gerações com três anos a menos de ensino.

4) Descaracterizada dessa maneira, a escola média irá se configurar como um "lugar de espera". Será um tipo de playground para adolescentes (!), que deverão ficar lá, "na bagunça" -provavelmente eles próprios perceberão que não se sabe o que fazer com eles. A escola será um lugar para segurar uma juventude que deverá esperar a universidade para voltar a ter professor especialista!

A universidade, por sua vez, terá de arcar com a tarefa de suprir o que se perdeu nesses três anos. 

Obviamente, não conseguirá dar conta disso. O ensino universitário sofrerá pressão no sentido de baixar seu nível, uma vez que a maioria dos alunos não estará entendendo coisa alguma em sala de aula.

Tecnicamente, no jargão da sociologia da educação, trata-se aí de "expropriação do saber" do professor, uma conhecida antessala para arrocho salarial e contenção de despesa.

PAULO GHIRALDELLI JR., 55, é filósofo, professor da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e autor de "As Lições de Paulo Freire" (Manole)

Folha de S. Paulo, 29 de agosto de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Registro 402: Para os eleitores


Aos eleitores de Salvador, Bahia e de qualquer cidade do Brasil. Basta fazer as adaptações ao seu contexto 

No texto que se segue, Aninha Franco nunca foi tão mordaz como agora. Humorada, mas terrivelmente agressiva, ela diz o que a grande maioria de nós quer dizer ao ver tantas caras sorridentes pelas ruas da Cidade do Salvador. Perspicaz, ela toca na ferida que se esconde por trás de tantos sorrisos. Sorrisos de quem vislumbra  um futuro promissor. Leia e desfrute o texto, mas não esqueça o que Aninha aponta. Só não vê quem não quer. Um texto oportuno. Pena que os políticos, que raça horrível, continuarão escondendo sua sordidez por trás de um sorriso manso, suave. Cuidado!


Quem ri por último, pode rir melhor, se quiser

Aninha Franco, 
A Tarde, 26 de agosto de 2012 

Por que riem os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitanos? Nas placas que enfeiam, ainda mais, a linda cidade da Baía, destacam-se os dentes. Alvos, quase exuberantes, riem sobre a urbe destroçada. Riem de quê? Do lixo, dos buracos, do fedor de mijo que afligem os cidadãos do território sem cidadania? Do extermínio da produção artística criativa dos Anos 1990? Da inexistência de políticas públicas municipais para o que quer que seja? 

Do tráfico e da polícia que, concorrentes, matam, como nunca antes na história deste Estado, jovens das periferias? Do mensalão do PT? Da CPI de Cachoeira do PSDB? Ou do poder onipresente de Sarney, o corrupto mor do País, na frágil democracia de 1963, em toda a ditadura, de 1964 a 1989, e na democracia de agora? Riem do constrangimento e da vergonha de serem políticos, como Maluf, os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitanos?

De que riem os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitanos? Dos analfabetos absolutos ou funcionais que vitimizam a si mesmos, à cidade, aos municípios, e ao Estado? Da educação pública, da saúde pública, da péssima qualidade dos serviços públicos, ou das casas caras que ocuparam para fazer campanha, e das casas ainda mais caras que ocuparão depois, se vencerem, aumentando patrimônios a galope, sem que ninguém lhes impeça ou fiscalize? Riem dos salários que os três Poderes se autocontemplaram, às escondidas, e que a Lei de Acesso tem exposto?

De que tanto riem os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitanos? Da falta de novas lideranças políticas? Das promessas que, quase todos fizeram sem falta e, as quais, quase todos faltaram, sem dúvidas? Da grana que precisa ser investida no Centro Histórico, pós avacalhação 2007.2010? Riem da gestão de Joãozinho Oito que se encerra com a cidade mais provinciana que em 2004? Riem de não terem rejeitado suas contas, tolerando que se ele se candidate a governador em 2014? Que tanto têm para rir os candidatos ao executivo e legislativo soteropolitano à gestão 2013.2016. Como quem ri por último ri melhor, temos a opção da não reeleição absoluta. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Registro 401: Sobre a política cultural, o teatro e os editais


SOBRE EDITAL, PROFISSIONAL E PÁ DE CAL
Por Gil Vicente Tavares


Em seu discurso de posse como Secretário de Cultura da Bahia, o professor Albino Rubim citou, para ciúme das outras artes, o teatro profissional baiano. Era início de 2011, reeleição de Jaques Wagner, e seu discurso, oportunamente, referiu-se à área que mais embate teve com a gestão passada da pasta.

Pouco tempo depois, o secretário fez uma reunião com alguns artistas da cidade, com foco na discussão do teatro profissional em Salvador; o que causou ciumeira nos que não foram chamados, e um entusiasmo perigoso nos que estavam presentes.

2011 foi um ano fraco para o teatro. O Fazcultura, demonizado como um programa do governo onde as decisões ficam na mão da iniciativa privada, foi a ferramenta que conseguiu dar um fôlego para que o ano não passasse em branco. O Vivo Encena patrocinou o festival Bahia em Cena e o espetáculo Sargento Getúlio, abrindo exceção por ser uma data comemorativa e a abertura do festival citado acima; visto que o programa da Vivo não tinha como foco patrocinar, através do Fazcultura, montagens de espetáculos. Namíbia, não! foi exceção que confirmou a regra da ineficiência dos editais e muito pouco se fez.

A despeito do descrédito do Prêmio Braskem, o reflexo do arrefecimento da produção profissional baiana ficou claro nas indicações de melhor espetáculo. Dos cinco indicados, um era de alunos da Escola de Teatro, outro, uma peça de formatura da mesma, além de Fim de Partida, produção da Companhia de Teatro da UFBA.

A Secretaria de Cultura justificou a falta de incentivo por conta das dívidas herdadas da gestão passada, e todos aceitaram um ano de vacas magras para que a casa fosse arrumada e os artistas e produtores fossem pagos.

O ano de 2012 começou sem perspectivas claras para aquecer o mercado teatral em Salvador. Uma contenda entre Secretaria de Cultura e Vivo Encena fez o segundo se afastar, com seus investimentos, do teatro profissional na cidade. Como em samba de pombo urubu tá sempre errado, prefiro me abster de entrar nessa confusão, apenas registrando que, nessa contenda, quem mais perdeu foram os artistas. A Coelba e a Bahiagás chegaram a lançar propostas via Fazcultura, mas, de fato, até o momento não vimos nenhuma empresa de porte marcando presença na produção teatral da cidade.

Desde o início do século XXI que o “teatro baiano” (na verdade, o teatro produzido em Salvador) começou a passar por problemas de produção e sustentabilidade. O empresariado baiano foi paulatinamente sumindo, com seus investimentos, e uma ideia de democratização, descentralização e incentivo dos desfavorecidos, em detrimento dos que vinham produzindo por diversos mecanismos de isenção fiscal, patrocínios diretos e, raramente, editais, acabou por, junto com a verba, pulverizar a produção da capital.

Houve um enfraquecimento do Fazcultura, com uma produção pouco atrativa aos olhos dos empresariados que, noutras épocas, chegavam a ir atrás dos artistas para patrocinar ou apoiar financeiramente. A concentração na política de editais e o fortalecimento de um Fundo de Cultura do Estado da Bahia – concentrando, inclusive, recursos outrora destinados, pelas empresas, ao Fazcultura – provou não dar conta de uma efetiva, diversificada e contundente produção em Salvador.

Muitos espetáculos passaram a cumprir a temporada exigida e depois sumir, sem fazer carreira, circular, participar de festivais e ter uma sobrevida que justificasse um investimento público. Considero um desperdício de verba pública destinar-se a um projeto seja 50, 100 ou 150 mil reais, e esse projeto não ter uma carreira, não atingir uma meta mínima de público, não ter um planejamento que não o torne dependente apenas do edital. A obra de arte precisa ser vista e penso que quando o governo investe nela, é pra que essa obra possa dialogar com a sociedade, seja algo que dê um retorno ao público comum com o que a arte tem de mais essencial para o homem: a poesia que falta no dia-a-dia, a reflexão que passa por outros caminhos que não o panfleto e o discurso da mídia.

Num ano de pouca e pobre produção teatral, a Fundação Cultural do Estado da Bahia lançou um edital chamado Setorial de Teatro onde o conceito era que qualquer projeto vinculado às artes cênicas poderia ser contemplado de acordo com sua relevância para a comissão, ao contrário dos editais da gestão passada, que eram divididos em categorias como montagem, circulação e manutenção.

Foram dezoito projetos aprovados. Como o próprio site da FUNCEB divulga, foram nove projetos de difusão/circulação, quatro de formação, três de criação e dois de produção. Esse resultado é um reflexo da crise que se instaurou no teatro de Salvador. Dos dezoitos, treze foram de formação, circulação e difusão. Com isso, percebe-se uma tendência na comissão. Há, inevitavelmente, uma constatação: incentivar a formação, difusão e circulação são quase decorrências das necessidades profissionais, em boa parte, de uma classe. A necessidade de formação é para se ter uma técnica apurada para a realização de um espetáculo. E é preciso grandes espetáculos para que a circulação e difusão sejam válidas. Contudo, justamente esse elo da cadeia produtiva, o fundamental e que fortalece todo o resto, foi enfraquecido.

Três festivais foram contemplados. Ora, um festival é algo estrategicamente fundamental. Algo que não deveria concorrer em editais, deveria ser algo que tivesse verba direta e não precisasse concorrer com outros projetos. Mas a comissão teve que escolher entre um festival de cerca de noventa mil e montagens de duzentos mil. É de uma covardia e esquizofrenia sem tamanho, e uma concorrência desleal, pois deixar de contemplar dois festivais que, juntos, somam menos de duzentos mil, para aprovar uma montagem de duzentos mil chega a ser loucura. Por quê? 

Justamente porque devem ser políticas diferenciadas dentro de uma secretaria de cultura.

Como foi dito acima, os artistas que mais tempo vêm fazendo teatro, estando regularmente nos palcos, criando obras que possam ter uma carreira e dialoguem com o mercado de forma a que o projeto gere um mínimo de sustentabilidade, esses artistas poucas, pouquíssimas ou até mesmo nunca produziram suas obras através de editais.

Eu, por exemplo, ainda iniciante, com apenas treze anos de carreira, só fiquei um ano sem produzir nada em teatro: 2007 (coincidência, ou não, primeiro ano do PT na Bahia). Em treze anos de carreira concorri umas trinta vezes entre editais de montagem estaduais e federais e ganhei apenas uma vez, com Os javalis. Se eu, neófito, já estou calejado e acostumado a perder editais, quanto mais profissionais com anos de profissão: e edital não é política pública e nem o x da questão. Infelizmente, mais uma vez, após o resultado do Setorial de Teatro, as discussões pareceram girar em torno de quem ganhou e quem deixou de ganhar. 

Mais uma vez, a classe, difusa e desunida, aproveitou-se de um edital “balaio de gato” para alfinetar e se enfraquecer internamente, quando o foco não era, não é e nem pode ser quem ganhou e quem perdeu, e é engraçado como alguns vestem a carapuça das críticas que são direcionadas ao Estado, e não a nenhum artista específico. “A casa dividida não fica de pé” (Mateus 12.25b), e a falta de união pelo bem comum só corrobora o pouco caso dos poderes públicos.

Uma reportagem foi feita discutindo os rumos do teatro profissional em Salvador. Esse teatro que é feito com regularidade, que se pretende inserido num mercado consumidor, com carreira, temporadas, festivais. E neste aspecto, como saiu na reportagem em uma citação minha, esse edital foi uma pá de cal no profissionalismo que se poderia pretender para o teatro na cidade, pela analogia com o escasso incentivo à produção local.

Para quem não sabe, a utilização da expressão “pá de cal” refere-se ao último ato feito no enterro de um defunto. Um mero edital equivocado, difuso e que, em sua perspectiva de contemplar tudo, acabou por desequilibrar a balança entre produção e os outros elos da cadeia, não tem relevância, por si só. Contudo, ele é o reflexo de toda uma conjuntura onde a fuga do empresariado, opções complicadas  e decisões aparentemente equivocadas das políticas públicas acabaram por enfraquecer de vez o mercado do teatro em Salvador.

O teatro é uma arte coletiva. Tanto no fazer quanto no aparecer. Uma andorinha só não faz verão e a sensação que tenho, quando olho os roteiros de teatro da cidade, é desoladora. Não adianta me dizerem que o Teatro NU fez uma temporada em julho de Os javalis, uma em agosto de Sargento Getúlio, e depois vai viajar para Porto Alegre. Se o mercado não está aquecido, se estão acontecendo, raramente, grandes produções, projetos de visibilidade e qualidade – sim, há teatro de qualidade e há o teatro ruim que, além de ser ruim pela sua simples existência, ainda afasta o público fazendo um desserviço à classe –, se a efemeridade, fragilidade e irrelevância de produções impera, não há como tocar um projeto de teatro sério, profissional e a médio e longo prazo na cidade.

Estamos numa encruzilhada. De cá, para conforto dos de lá, nos engalfinhamos em picuinhas, revanchismos, invejas e disputas. De lá, o poder público nada faz de eficiente e programado, somos cada vez menos estimados pelos empresários, as perspectivas se fecham e a situação é calamitosa.

Resta, por enquanto, torcer para que os projetos aprovados no Setorial de Teatro inundem de qualidade e energia os palcos da capital e do interior. Que o pouco que foi aprovado traga uma relevância e uma significância imensa ao público, tão desacreditado em relação ao que se produz aqui. Precisamos voltar a pôr a cabeça pra fora da lama, precisamos ser vistos, precisamos voltar a ter credibilidade, dignidade, relevância no cenário artístico da Bahia. O antes tão bem falado, criticado e viajado “teatro baiano” precisa se reerguer. O profissional dessa classe precisa voltar a produzir e dar continuidade aos seus projetos.

Ano que vem é Copa das Confederações. Daqui a dois anos, Copa do Mundo. Precisamos de um novo prefeito que cumpra sua obrigação de incentivar nossa cultura, coisa que estupidamente não vem sendo feita. Precisamos ter a chance de mostrar que Salvador não é só aquela imagem batida, e que temos uma cultura forte, sólida e diversificada que pode, também, ser de interesse do turista, pode ser mercado, pode gerar renda e fortalecer a economia. É preciso incentivar a produção local para apresentarmos nossa diversidade e riqueza, e há recursos, estão investindo muita grana nessas copas. Porém, dinheiro teria também para o centenário de Jorge Amado e por enquanto a grande ação cultural do Governo Estadual foi colocar placas de outdoor pela cidade.

Não será com promessas vãs de um Secretário de Cultura (que domaram os protestos da classe), com o descaso do governo estadual, com a ignorância do governo municipal, com o descrédito de empresários e com editais pífios e esquizofrênicos que chegaremos lá.