Dionísio
_________________________________________________________MAGRA: (...). Enquanto se está vivo não se consegue escapar ao teatro. Teatro é a engrenagem viva que interliga as pessoas. Não é mentira, não é fingimento, é vida!!! Por fatalidade dependemos todos, uns dos outros. Mesmo errando e mesmo sem saber direito como fazer. Ele ensina a paciência necessária pra que o milagre se processe. Se você se cala, você recusa e interrompe o milagre. Por precipitação, por avidez.. Por querer chegar depressa demais, porque o milagre só pode ser coletivo, ele é por direito de todos e quem tenta chegar sozinho, fracassa. Eu não estou falando mais por você, Pedro. Eu estou falando por mim mesma. (Magra começa a se afastar lentamente de Pedro) A porta é estreita, Pedro, é isso. Mas eu quero acertar com ela. Eu não quero permanecer no mesmo erro por mais tempo. Existe alguma coisa que nos inclui a todos... Eu não sei que nome dar a ela, mas nós estamos irremediavelmente comprometidos, todos, uns com os outros, e é impossível escapar sozinho. A porta é muito estreita, mas só passamos carregando os outros conosco. (Pausa) Eu quero que você me perdoe, mesmo se não entender. Se eu não disser não agora, Pedro, eu não sei onde iremos parar. (Pedro se levanta) Até... até... um dia. (Fim. Some o pano ou sobe, ou baixa ou não existe.)
ARAP, Fauzi. Pano de Boca: um conserto de theatro. Reprografado, s.d.
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