"Para ele, vendo sua obra (de
Rembrandt), uma coisa ficou evidente: a arte é poder. Só isto, ou especialmente
isto: poder. Não para dominar países e transformar a sociedade, para provocar
revoluções ou oprimir os outros. É poder para tocar a alma dos homens e, ainda,
deixar nela as sementes de seu aprimoramento e felicidade".
O texto foi transcrito de "Hereges",
romance do cubano Leonardo Padura. Ao encontrar o parágrafo dentre os muito que
gostaria de transcrever, escolhi este por sua dimensão e porque diz aquilo que
penso sobre o papel da arte, ontem e hoje.
O livro de Padura é
essencialmente sobre a liberdade, o livre arbítrio em qualquer circunstância.
Esta proposição, vinda de uma cubano contemporâneo torna-se imensa no que ela
tem de real ou diz sobre o real. Três personagens (um judeu, uma garota cubana
que é "emo" e um judeu sefardi discípulo do pintor holandês
Rembrandt, portanto vivendo no século XVII) lutam pelo direito de escolha independente
de mestre, seja ele político, religioso, etc. São 503 páginas lidas com vontade sôfrega,
maneira que temos de controlar para saborear o texto, sem que se perca a beleza
da escrita e a envolvente ação.
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