Malala Yousafzai
Mais uma texto copiado e colado. Seu autor é MOISÉS NAÍM, e foi publicado em a Folha de S. Paulo (23.11.2012). Comungo com o teor do texto, portanto assino em baixo.Não posso concordar com as aberrações que feriram Malala e Savita. Como não posso concordar com a estupidez do parlamento de Uganda que quer aprovar uma lei brutal: a pena de
morte para a homossexualidade. Se eles fizerem isso, milhares de ugandenses
poderiam ser executados, apenas por serem gays. Em pleno século XXI não é cabível tais atos, mas diante do fatos, o que fazer? Denunciar. É o que faço publicando o texto de Naím.
Aproveito a oportunidade para felicitar o Brasil e ao Ministro Joaquim Barbosa. Venceu o mérito.
Ouviu falar em Malala e Savita?
Moisés Naím
A trajetória dessas duas mulheres ilumina aspectos do mundo em que vivemos neste início de século 21
Malala Yousafzai e Savita Halappanavar. Não é trava-língua. São os nomes de duas pessoas que não poderiam ter menos em comum.
Mas com ambas ocorreram coisas que iluminam aspectos tanto trágicos quanto esperançosos do mundo em que vivemos.
Malala Yousafzai, paquistanesa, 15. Há um mês, quando voltava para sua casa no ônibus escolar, recebeu um tiro que lhe atravessou a cabeça e o pescoço, alojando-se no ombro. Sobreviveu milagrosamente. Seu pecado? O ativismo em favor do ensino para as meninas.
Ao reivindicar o ataque, o Taleban explicou que Malala "é o símbolo dos infiéis e da obscenidade". Quando, em 2009, os talebans controlavam sua cidade, no vale do Swat, Malala começou a escrever um blog. Ela relatava como já não podia ir à escola, o fechamento de muitas escolas e como às vezes os talebans simplesmente as incendiavam. Uma vez que o Exército paquistanês retomou o controle de Swat, Malala se converteu numa voz inteligente em favor da educação das meninas. Para os talebans, essas ideias merecem a morte.
Savita Halappanavar, uma bela dentista de 31 anos de origem indiana, vivia em Dublin. Em princípio, a Irlanda deveria ser menos perigosa para as mulheres que o vale do Swat.
Mesmo assim, um obscurantismo semelhante ao que motivou a tentativa de assassinato de Malala levou à morte de Savita. Grávida de 17 semanas, ela começou a se sentir mal e foi com o marido ao hospital Universitário de Galway. O diagnóstico foi evidente e o tratamento indicado, também. Os médicos concluíram que o feto era inviável.
Desconsolada, Savita se resignou e pediu que realizassem um aborto. "Não podemos", explicaram os médicos. "A lei nos permite fazer abortos apenas quando o coração do feto deixou de bater." Foram forçados a esperar. O coração do feto parou de bater na quarta. E o de Savita, no sábado seguinte.
A autópsia revelou que a causa da morte dela foi infecção generalizada. O marido disse à BBC: "Era nosso primeiro bebê, e ela estava radiante. Não há dúvida de que Savita estaria viva se pudesse ter encerrado a gravidez que a matou."
Por que proteger um feto que é inegavelmente inviável e não tem esperança de vida é mais importante que a proteção de uma jovem mãe de 31 anos com saúde perfeita? Você sabe a resposta. Tanto a tentativa fracassada de assassinato de Malala quanto a morte "por razões legais" de Savita provocaram indignação mundial. Embora isto ainda não seja o suficiente para mudar as coisas radicalmente no Paquistão ou na Irlanda, as duas tragédias tiveram efeitos esperançosos.
Os políticos irlandeses foram forçados a prometer reformar as leis que impediram salvar a vida de Savita. No Paquistão, ficou mais difícil defender a ideia de que as meninas não precisam ir à escola.
Essas mudanças não são suficientes. Mas ao menos as histórias de Malala e Savita lembraram ao mundo que o obscurantismo não é um fenômeno da Idade Média. Está presente e cobra vidas no século 21.
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