TEATRO NA EDUCAÇÃO
(O QUE É, AFINAL?)[1]
Fanny Abramovich
Mistério! Dúvida! Inquietação! Afinal de contas, o que é esta matéria nova, repentinamente incluída na programação escolar, com o nome mutável de teatro, artes cênicas, improvisação teatral, expressão dramática? Em que consiste? De que se trata? Hipótese 1: São festinhas ligadas a temas cívicos (Dia da Pátria), familiares (Dia das Mães), comemorações e efemérides em geral (Semana do Índio), etc. Nada disso. Essas “festinhas” onde se pretende organizar, segundo a ótica e visão adultas, uma comemoração que nada tem a ver com a criança e/ou o adolescente, são meros pretextos para um falso exibicionismo, nem por um momento ligado a uma atividade espontânea, lúdica, solta, do aluno. Querer determinar uma data, um dia, onde a criança possa se expressar é um pouco autoritário. E, se acrescentarmos que nessas ocasiões não há nenhuma atividade expressiva (a não ser da professora), além do clima histérico que as precede, fica a pedagogia a perguntar muito sobre o porquê dessas realizações... O fato de se revestirem de um aparato solene (tirando todo o caráter de jogo) e o fato de se levarem as crianças a meras repetições estereotipadas têm demonstrado, de maneira inequívoca, que são antipedagógicas e que o caminho não é esse. Hipótese 2: É a constituição de um grupo dramático na escola. Nada disso, também. Se a expressão é um direito de qualquer indivíduo, a formação de um grupo selecionado com critérios do “tem jeito para” só leva à formação de vedetes (em geral insuportáveis). E estrelismo nunca foi objetivo educacional. Além do mais, encarada dessa maneira, passa a ser uma atividade marginalizante. E, se está integrada no currículo, não pode ser marginalizante. Se a própria escola não separa os alunos que fala francês dos que fazem ginástica, por que separá-los em uma atividade tão essencial quanto as demais? Sabe-se que a expressão não é um dom divino, mas uma forma de contato humano. Então, por que voltar ao monte Olimpo? Não, este caminho é muito pouco pedagógico, muito elitista e fundamentado em falsos critérios.
(O QUE É, AFINAL?)[1]
Fanny Abramovich
Mistério! Dúvida! Inquietação! Afinal de contas, o que é esta matéria nova, repentinamente incluída na programação escolar, com o nome mutável de teatro, artes cênicas, improvisação teatral, expressão dramática? Em que consiste? De que se trata? Hipótese 1: São festinhas ligadas a temas cívicos (Dia da Pátria), familiares (Dia das Mães), comemorações e efemérides em geral (Semana do Índio), etc. Nada disso. Essas “festinhas” onde se pretende organizar, segundo a ótica e visão adultas, uma comemoração que nada tem a ver com a criança e/ou o adolescente, são meros pretextos para um falso exibicionismo, nem por um momento ligado a uma atividade espontânea, lúdica, solta, do aluno. Querer determinar uma data, um dia, onde a criança possa se expressar é um pouco autoritário. E, se acrescentarmos que nessas ocasiões não há nenhuma atividade expressiva (a não ser da professora), além do clima histérico que as precede, fica a pedagogia a perguntar muito sobre o porquê dessas realizações... O fato de se revestirem de um aparato solene (tirando todo o caráter de jogo) e o fato de se levarem as crianças a meras repetições estereotipadas têm demonstrado, de maneira inequívoca, que são antipedagógicas e que o caminho não é esse. Hipótese 2: É a constituição de um grupo dramático na escola. Nada disso, também. Se a expressão é um direito de qualquer indivíduo, a formação de um grupo selecionado com critérios do “tem jeito para” só leva à formação de vedetes (em geral insuportáveis). E estrelismo nunca foi objetivo educacional. Além do mais, encarada dessa maneira, passa a ser uma atividade marginalizante. E, se está integrada no currículo, não pode ser marginalizante. Se a própria escola não separa os alunos que fala francês dos que fazem ginástica, por que separá-los em uma atividade tão essencial quanto as demais? Sabe-se que a expressão não é um dom divino, mas uma forma de contato humano. Então, por que voltar ao monte Olimpo? Não, este caminho é muito pouco pedagógico, muito elitista e fundamentado em falsos critérios.
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[1] Publicado originalmente em Teatro na educação: subsídios para seu estudo, uma publicação do Ministério da Educação e Cultura, Serviço Nacional de Teatro, Rio de Janeiro, 1976, na Coleção Cartilhas de Teatro.
[1] Publicado originalmente em Teatro na educação: subsídios para seu estudo, uma publicação do Ministério da Educação e Cultura, Serviço Nacional de Teatro, Rio de Janeiro, 1976, na Coleção Cartilhas de Teatro.
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